Cold Call não converte: verdades e mitos

Roberta da Trindade

Seus vendedores não fazem cold call e eu sei porquê

Se você está vivendo no planeta Terra e tem um time de vendas com certeza está passando por essa situação: profissionais resistentes, na maior parte das vezes, em realizar cold call, ou seja, a famigerada prospecção fria via telefone. 

Nesse artigo vou te falar alguns motivos pelos quais os profissionais são resistentes em prospectar por ligações frias e como reverter esse jogo.

Nas capacitações e consultorias que tenho realizado, a desculpa é basicamente a mesma: os clientes preferem falar pelo whatsapp, ninguém atende, ninguém mais usa telefone, em suma “cold call não converte”.

Na prática sabemos que essa postura é ocasionada por alguns motivos:

1- Medo da rejeição - Como vendedores sabemos que levaremos mais não do que sim. É mais fácil ficar no vácuo do whatsapp e dizer que ninguém responde, do que ser rejeitado por telefone. Então uma boa tática é o uso da ancoragem, ou seja, lembrar e anotar cases de sucesso ; deixar seus objetivos e fotos na mesa de trabalho para sempre lembrar do porquê você está ali, praticar, porque é aquele velho ditado: quanto mais pratica, melhor fica; 

2- Preguiça - Infelizmente é verdade, a preguiça de sair da zona de conforto leva muitos a inventar desculpas, mesmo que isso implique vender menos. Sabemos que nosso cérebro é preguiçoso, uma vez que criamos um hábito é difícil mudá-lo;

3- Espelhamento- Se eu entro em uma empresa e a maioria esmagadora dos vendedores prospecta sem telefone, por que eu vou ser diferente? Existe uma tendência do ser humano em espelhar comportamentos; 

4- Crença limitante- Se na minha cabeça eu não sei falar ao telefone, e se as minhas primeiras experiências na venda por telefone foram ruins, obviamente eu reforço uma crença que eu já tinha: vender por telefone não é para mim. A dica usada no exemplo 1 vale para esse motivo também.

5- Falam o óbvio sem testar novas formas- As pessoas realmente usam menos telefone, é mais fácil falar com as pessoas por outras ferramentas. Mas em vendas, sair do óbvio e ir na contramão do que todos estão fazendo, é a melhor alternativa. 

6- Inexperiência- muitas vezes o vendedor não sabe como fazer diferente, não sabe como realizar chamadas frias, não possui conhecimento aprofundado sobre as soluções, nem sobre o cliente;

7- Falta de respaldo - deixar tudo nas mãos do vendedor, esperando que ele já saiba como utilizar as ferramentas, como abordar, como qualificar, como montar listas, ainda que já sejam pessoas experientes em vendas, é um erro. Pois cada empresa tem seus processos, sistemas e perfil de cliente. 

E como resolver esse problema? 

Se você é gestor, uma das primeiras iniciativas é apoiar os vendedores com todas as informações possíveis: 

1- Monte uma lista qualificada, se isso couber ao vendedor, demonstre como fazer essa lista com base no ICP - Perfil de cliente ideal (leia o artigo sobre o ICP) . 

2- Se você não possui um setor de planejamento ou inteligência comercial, monte um processo de prospecção usando a cadência mista, ou seja, utilizando os principais canais usados pelo cliente ( e-mail, linkedin, telefone) . Grande parte das prospecções usando telefone se torna aversiva aos vendedores (e também aos leads) porque é invasiva, robotizada e não mostra a que veio (busque informações sobre o pitch de elevador). 

3- Monte textos de cadência tendo como foco sempre a dor do cliente para o qual vai ligar. Pouco importa os prêmios que sua empresa recebeu se não fizer sentido sua solução para o cliente. Nosso objetivo acima de vender, é criar relacionamento. Nossa preocupação deve ser real e devemos acreditar que nossa solução poderá mudar a vida daquela empresa ou daquele cliente genuinamente. Por isso, evite técnicas manjadas e robotizadas que muitas vezes não tem nada a ver com o que o cliente precisa. 

4- Incentive o uso do telefone. Tenha em mente que as primeiras horas serão sempre as mais difíceis, então estabeleça 2 horas do dia para cada vendedor realizar chamadas e acompanhe os resultados. Lembre-os sempre dos seus sonhos e o quanto seu produto ou serviço poderá ajudar outras pessoas e empresas, e o quanto vender é necessário para realização de seus objetivos pessoais. É um ganha ganha. Enquanto o vendedor não se conscientizar disso, não haverá evolução.

5- Utilize um CRM - plataforma para Gestão de relacionamento com o cliente, atualmente existem muitos, inclusive gratuitos. Se sua empresa não utiliza CRM, certifique-se de que as planilhas ou sistemas usados sejam de fácil operacionalização e permitam incluir tarefas de follow up e apresentam informações importantes que poderão ser usadas em cold call. Bem como, você como gestor tenha acesso aos resultados da implantação da cadência.

Mas afinal, cold call converte ou não?

Creio que seria melhor mudar a pergunta: meu processo comercial está bem construído ou não?

Cold call continua convertendo muito bem, obrigada. No entanto, tudo começa na realização de processos bem desenhados. Mas observe bem: existem dados que mostram que a cadência mista semiautomática- a que usa automação, mas inclui cold call em seu processo,- gera 4x mais resultados que uma automática- as que usam apenas tecnologias e robôs; ou apenas manual- que executam tudo manualmente, não automatizando processos que poderiam facilitar a vida do vendedor. Importante realizar testes constantemente para entender o que faz sentido para sua empresa.

Quando falamos em cold call, temos que ter em mente que ela será melhor utilizada e aceita quando fizer parte de um processo de prospecção com fluxos e cadências bem definidos e que visem exclusivamente resolver uma dor ou necessidade de um perfil de cliente ideal. Por isso, apoie seu time de vendas com explicações, roteiros, feedbacks, informações sobre os clientes, processos, acompanhamento e capacitação. Ou incentive-os a buscarem as informações necessárias deixando claro as possibilidades, dificuldades e necessidades.Dê autonomia para o vendedor trabalhar conforme a necessidade do cliente.

As ferramentas que utilizaremos não são as que mais gostamos e sim, as que são mais utilizadas pelo nosso prospect, ou seja, se vou prospectar um gerente de produção, sabemos que dificilmente o encontraremos no telefone fixo da empresa, pois certamente ele estará na produção. Se nosso cliente é um gerente de call center, é possível que possamos encontrá-lo mais facilmente ao telefone e também por e-mail. Se vamos prospectar um líder de RH, sabemos que é um público que utiliza muito o linkedin e assim por diante. Por isso a necessidade de fazermos antes de tudo, o ICP da nossa empresa.

Busque ferramentas de automação para facilitar a vida de seu time de vendas, mas lembre-se que elas devem servir para tirar o trabalho manual desnecessário, mas não irão substituir o rapport estabelecido por um contato humano bem feito. O cold call deve servir para ajudar o cliente e não para atrapalhá-lo. Se está sendo encarado como SPAM ou a ligações de robôs de telemarketing tem algo muito errado em seu processo.

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Roberta da Trindade é head de negócios na Efoco Soluções em Recrutamento Comercial, autora do guia de Bolso Spin para vendas complexas, especialista em gestão comercial e vendas e instrutora de treinamento comercial. 


Por Roberta da Trindade 29 fev., 2024
Ano novo, desafios e oportunidades: 2024 chegou e, com ele, a necessidade de estarmos à frente das tendências que moldarão o cenário empresarial. As áreas de vendas e marketing assumem o papel de protagonistas, figurando como as prioridades máximas para as empresas no próximo ano. Lide/FGV - Prioridades para 2024: 48% dos líderes focarão na área comercial e 27% no marketing. A área mais demanda em 2023 apareceu somente em terceiro lugar. Salesforce- Tendências para 2024: Experiência do cliente, integração entre vendas e marketing, uso de dados e inteligência artificial, e personalização são as tendências-chave para 2024. Gartner: Vendas B2B mais complexas, inteligência artificial em ascensão, crescimento do comércio eletrônico e foco na experiência do cliente. Tenha insights lendo mais esse artigo do blog Efoco Educa
Por Roberta da Trindade 22 fev., 2024
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Por Roberta da Trindade 05 set., 2023
Você está com dificuldade de contratação? Saiba que não está sozinho! A escassez de talentos se tornou um enigma a ser desvendado, e o Brasil não é exceção. Em 2022, o índice de escassez global de talentos atingiu a marca preocupante de 75%, o maior nível em 16 anos. No Brasil, a situação era ainda mais crítica, com um índice de escassez de talentos de 81%, um aumento de 10 pontos percentuais em relação ao ano anterior. Os dados estatísticos de 2023, embora mostrem uma ligeira melhoria, ainda refletem uma realidade desafiadora. O índice global de escassez de talentos permanece alto, com 79%. No Brasil, embora tenha havido uma redução para 68%, a questão ainda está longe de ser resolvida. Por que a escassez persiste? Uma análise mais profunda revela que a escassez de talentos não se limita a um setor específico, mas afeta empresas de diversos segmentos. Os 5 setores com maior demanda por talentos no Brasil em 2023 incluem Tecnologia da Informação e Dados, Marketing e Vendas, Saúde, Educação e Manufatura. As empresas estão em busca de habilidades específicas, e muitas delas não podem ser facilmente encontradas em currículos. As 5 soft skills mais procuradas pelos empregadores são confiabilidade e autodisciplina, resiliência e adaptabilidade, raciocínio e resolução de problemas, criatividade e originalidade, pensamento crítico e capacidade analítica. Como as empresas estão respondendo? Frente a essa realidade, as empresas têm adotado uma série de estratégias para lidar com a escassez de talentos. Elas aumentaram seus investimentos em treinamento e desenvolvimento, reconhecendo a importância de construir um pipeline de talentos internos. Além disso, muitas perceberam a necessidade aumentaram os salários e benefícios, tornando suas ofertas mais atrativas. A adoção de novas tecnologias e ferramentas de recrutamento e seleção também se tornou uma prática comum, tornando os processos mais eficientes e permitindo que as empresas encontrem talentos de forma mais precisa. O que as empresas brasileiras estão fazendo? Um aspecto notável da resposta à escassez de talentos é a adaptação das empresas brasileiras em suas abordagens: Ambev: Investiu em um programa de formação para jovens de baixa renda, fornecendo qualificação profissional e oportunidades de emprego. Natura: Contrata pessoas com deficiência para todas as posições, promovendo a inclusão no local de trabalho. Magazine Luiza: Investiu em uma cultura organizacional positiva e inclusiva, criando um ambiente de trabalho que valoriza a diversidade. Oferece também um programa de reskilling - requalificação- para funcionários que desejam mudar de área, investindo em seu desenvolvimento. iFood: Oferece um programa de estágio para estudantes de baixa renda, promovendo a educação e o desenvolvimento de jovens talentos. Nubank: Oferece um programa de flexwork para funcionários que desejam trabalhar de casa, priorizando a flexibilidade. Estratégias Inovadoras de Recrutamento Além das estratégias tradicionais, empresas brasileiras têm buscado abordagens inovadoras para recrutamento e seleção: iFood: Utiliza inteligência artificial para automatizar o processo de recrutamento, analisando currículos e conduzindo entrevistas iniciais. Magazine Luiza: Adotou gamification para tornar o recrutamento mais envolvente, usando jogos e desafios para avaliar candidatos. Nubank: Terceirizou o recrutamento para uma empresa especializada, permitindo que a empresa se concentre em outras áreas de sua operação. Essas estratégias demonstram a capacidade das empresas brasileiras de inovar e adaptar-se em um mercado competitivo. Dicas para se destacar em um mercado competitivo Em um mercado onde os talentos qualificados são disputados a dedo, tanto empresas quanto profissionais podem adotar algumas diretrizes para se destacar: Para empresas: Oferecer mais flexibilidade: Adotar práticas flexíveis de trabalho pode atrair talentos que valorizam o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal. Investir em treinamento e desenvolvimento: Desenvolver as habilidades dos funcionários atuais pode ser mais econômico do que procurar constantemente novos talentos. Diversificar a força de trabalho: Incentivar a diversidade e a inclusão pode trazer perspectivas valiosas para sua empresa. Promover a marca empregadora: Ter uma reputação sólida no mercado como um ótimo lugar para trabalhar atrairá talentos. Oportunidades para quem está em início de carreira: isso gera fidelidade, possibilitando a retenção de talentos, bem como, oferece oportunidades para a empresa treiná-los conforme a sua cultura . É importante lembrar que além dos hard skills, os soft skills são essenciais para que o profissional exerça trabalho de excelência. Oportunidades de crescimento e cultura positiva: tão importante quanto recrutar é reter. Oportunidades de ascensão profissional e cultura positiva são essenciais na decisão de se manter ou não em uma empresa. Para profissionais: Vivemos um paradoxo no Brasil, pois ao mesmo tempo em que a escassez de talentos é uma realidade, o desemprego também é. Um fator crítico que contribui para a complexidade da escassez de talentos é a falta de qualificação profissional. No Brasil, dados do IBGE revelaram que em 2022, 47% dos trabalhadores brasileiros não possuíam qualificação profissional. Portanto, investir em educação e formação profissional é fundamental para preparar uma força de trabalho que atenda às necessidades do mercado de trabalho em constante evolução. Invista em desenvolvimento de habilidades: Mantenha-se atualizado e desenvolva as habilidades mais demandadas pelo mercado. Networking: Construa relacionamentos profissionais para acessar oportunidades através de conexões. Aprimore suas soft skills: Além das habilidades técnicas, trabalhe suas soft skills, que são altamente valorizadas pelos empregadores. Quem não é visto, não é lembrado: procure manter seu currículo atualizado no LinkedIn ; se gostar de produzir conteúdo, é uma boa oportunidade para demonstrar o que sabe nas redes. Apresentação adequada : atualize seu currículo/ portfólio para cada vaga a qual se candidatar. Um currículo genérico pode ser menos trabalhoso, mas fará você perder oportunidades. Em resumo, a escassez de talentos é um desafio multifacetado que exige estratégias abrangentes por parte das empresas e um compromisso contínuo com o desenvolvimento de habilidades por parte dos profissionais. Enquanto a busca pelo talento ideal persiste, a capacidade de adaptação, aprendizado contínuo e inovação serão os diferenciais em um mercado competitivo e em constante mudança. 
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